Hoje venho conversar com uma jovem autora nacional. Nascida em 1998 na Amadora, tem como sonho dar a conhecer a sua escrita e ai mesmo tempo um dos seus outros talentos o Design. Escritora de fantasia editou dois livros Ponto sem Retorno em 2017 e Mundo Novo em 2020. A conversa de hoje é com a Gabriela Simões.
Antes de mais, agradeço-te a disponibilidade para conversar comigo.
Como apareceu a escrita na tua vida?
Obrigada eu por me escolheres, fico mesmo feliz. Eu sempre gostei de escrever. Desde que lembro. Gostei sempre muito mais de escrever do que ler, e sempre foi algo muito natural. Lembro-me de fazer muitas pequenas histórias e pequenos poemas desde os meus 8 anos, eu passava tardes no word a escrever. Por isso a escrita sempre foi uma constante para mim.
Sempre foi um objetivo publicares um livro?
Não exatamente publicar um livro, eu sempre quis que os meus livros e as minhas histórias fossem lidas. Quando eu publiquei o meu primeiro livro era muito inocente nesse aspeto, não sabia como nada funcionava, simplesmente sabia que queria a minha escrita a conhecer ao mundo, queria ser lida.
Ponto sem Retorno é o teu primeiro livro publicado. Como surgiu a ideia para o mundo e enredo que criaste?
Quando comecei a escrever “Ponto Sem Retorno” estava numa fase complicada da minha vida de adolescente. Tinha 14 anos, e tinha tido o meu primeiro namorado e o meu primeiro desgosto amoroso, e era péssima a lidar com isso, chorei durante meses (dramática, eu sei).
Eu não conseguia escrever nada, a não ser um diário que tinha (única altura da minha vida em que tive um diário), e lembro-me de estar na minha casa de férias, que é no campo no meio do nada (é a casa antiga do meu pai, onde ele cresceu, mas é como se fosse uma casa de férias) e pôs-me a pensar “esta casa é tão escondida, só quem viesse à procura dela é que encontrava” e depois pôs-me a pensar, porque é que alguém iria viver ali, e as questões começaram a surgir, e as ideias também e depois foi uma descoberta. Na altura eu escrevia muito sem rumo, ao seja, tinha a ideia e ia. Hoje em dia, planeio mais algumas coisas, mas continuo a descobrir muitas à medida que escrevo.
Mesmo sendo um livro de fantasia, até que ponto houve inspiração na vida real?
A personagem do avô é muito baseada na minha avó, e na nossa relação. Tal como para a Giselle o avô dela é a coisa mais importante da sua vida, a minha avó também o é para mim.
No final do ano de 2020, lançaste Mundo Novo, o segundo volume da Saga Renascer da Magia, como foi regressar a este mundo?
Estava muito entusiasmada para mostrar às pessoas o meu crescimento como autora. Como já disse, eu sempre escrevi mais do que li. Até aos meus 10 anos, eu achava que não gostava de ler, até ler “Fairy Oak” e “Harry Potter”, mas mesmo depois disso eu não lia mais do que cinco livros por ano, se tanto. Sempre adorei livros, mas fiz ginástica rítmica durante 10 anos e as minhas tardes, fim de semanas, foram ocupados com ginástica e escola. Eu comecei a ler mais depois de lançar o meu primeiro livro, e aprendi imenso. Por isso, Mundo Novo foi um acumular do que eu aprendi e um limar das minhas ideias iniciais. Pude explorar outras personagens, outras relações e outras temáticas, por isso foi muito bom.
Tens planeado mais volumes para esta saga?
Tenho mais dois livros planeados. Sendo que o terceiro já está em parte escrito.
Quando se escreve um livro, por mais que se tente nunca é possível agradar a todos os leitores. Como se lida com as críticas menos positivas sobre o nosso trabalho?
Depende das críticas. Aprendi a separar críticas que tem haver com o gosto da pessoa, com críticas que me podem a ajudar a evoluir no meu trabalho.
Eu tenho 22 anos, eu tenho muito para evoluir, muito para a aprender. Quero rodear-me de pessoas que me possam ajudar a evoluir e crescer, pessoas que possam dar críticas construtivas. Editar um livro é sempre um sonho, mas o que eu quero mesmo é ser lida e as pessoas gostarem não por serem minhas amigas ou para serem simpáticas, mas porque a minha história e as minhas palavras lhes tocaram ou porque simplesmente gostaram e se divertiram. Eu quero dar a conhecer a minha escrita no seu melhor, e não publicar só́ porque sim, mas porque é bom e porque alguém acreditou nela e isso implica estar atenta a críticas menos positivas e retirar delas o que realmente pode ser melhorado.
Aprendi imenso com algumas reviews menos positivas do meu primeiro livro, e sinto que não fosse por elas, a minha escrita teria estagnado e não quero isso. Quero ser mais e melhor, quero um dia ter as pessoas lerem os meus livros, não apenas porque que querem apoiar um autor português, mas porque realmente querem ler as minhas histórias. Por isso, acho que lida com um pensamento positivo, e sabendo separar o que é o gosto da pessoa e o que realmente pode ser melhorado.
Escreves fantasia, algo que ainda tem pouca expressão em Portugal, principalmente em livros editados. Como foi ver os teus livros editados?
Soube bem, ver as minhas palavras escritas num papel e não apenas no word, ver o meu trabalho de anos publicado, ver as pessoas a ler e a reagir às minhas personagens, e ainda melhor vê-las a reagir agora à minha evolução e crescimento.
Como foi a jornada de publicação dos livros? Como foi a experiência com duas editoras vanity?
Da primeira vez, sinto que fui muito na ilusão. Na ilusão que bastava ter um livro editado e ele ia vender imenso e fazer muito sucesso, quando na verdade, não é assim, nem foi para as livrarias. Para futuros projetos, eu não irei recorrer a vanitys. Se for possível editar com uma editora tradicional, ficarei muito feliz, se não, prefiro fazer auto publicação, pela Amazon, pagar à parte serviços de edição e fazer eu a capa. Isto porque, não sinto que compensa assim tanto, os preços são muito elevados e o serviço de correção nem sempre é o melhor, se não houver qualquer ajuda por trás. Sinto que é muito um negócio e não realmente um amor aos livros e ao seu conteúdo.
Um dos grandes desafios numa edição de autor é a promoção da obra. Quanto tempo gastas em média na promoção dos teus livros?
Eu sou péssima a promover-me. Devia fazê-lo mais, mas sinto sempre que estou a ser uma chata e que ninguém quer saber. Mas tento todos os meses, contrariar esta minha sensação, e ir partilhando a opinião que recebo das pessoas e ando a trabalhar em novas promoções e itens.
Qual consideras ser a importância das redes sociais, principalmente dos bookstagrammers, bloggers, booktubers para o sucesso de um livro?
Imensa, enorme, gigante, tudo. Se não fosse pela minha descoberta do bookstragram depois de ter lançado o meu primeiro livro, nunca teria dado a conhecer a minha escrita a ninguém, nunca teria recebido críticas para me ajudarem a melhorar, nunca teria conhecido pessoas que ajudam a crescer a evoluir enquanto pessoa e escritora. O trabalho de pessoas que fazem as reviews é imprescindível especialmente para novos autores, e as editoras deviam valorizá-los mais.
Tendo em conta a tua experiência, que conselho darias a alguém que esteja a pensar em editar um livro?
Procura beta readers! Coisa mais importante, procura quem te leia o livro e que seja uma pessoa brutalmente honesta, que sabes que não te vai dizer que está tudo bem para ser simpática – é o teu primeiro livro, é normal não estar tudo bem, tu vais errar e faz parte, e vais aprender com esses erros. E procurarem uma editora que vos faça uma boa revisão, ou pagarem o serviço de revisão à parte. É um investimento, mas faz toda a diferença para quem está a ler. Pode haver quem não repare, mas vai haver sempre alguém que está atento, e quantos menos erros tiveres no texto, melhor se vai ler.
Qual é o livro que consideras ser o teu livro para a vida?
Qualquer livro do Brandon Sanderson, mas especialmente “O Império Final”, porque foi o primeiro livro a fazer-me chorar (eu não choro em livros, sou uma pedra por norma) e é o meu livro preferido, pelo sistema mágico, pelas personagens e toda a série é espetacular. “O Império Final” fez-me perceber exatamente qual é o tipo de histórias que quero criar.
Se tivesses a oportunidade de conversar um autor à tua escolha, vivo ou não, quem escolherias e porquê?
Resposta muito fácil: Brandon Sanderson. Admiro-o imenso, adoro ver as aulas deles e adoro o modo como ele é aberto, simples e comunica com os fãs. Ele parece-me ser uma pessoa muito fácil de falar, capaz de dar concelhos e que se apoia bastante nos “membros de equipa” e gostaria muito de ter a oportunidade de o conhecer e simplesmente falar com ele e aprender com ele. Possivelmente eu não conseguiria dizer nada, porque não me sei comportar, ficaria muito nervosa, mas gostava imenso.
O que nos podes contar sobre os teus projetos futuros?
Ando a trabalhar muito neles! Tenho muitas ideias alinhavadas, mas recentemente ando a trabalhar numa fantasia épica, com um sistema de mágico que conta com 4 páginas word de regras, e posso dizer que é bastante… colorido. É uma dica, interpretem como quiserem.
Onde Podem Encontrar a Gabriela
Onde Podem comprar os seus Livros
Wook
Bertrand
Fnac
Edições Vieira da Silva
Emporium
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A minha opinião sobre o primeiro livro da autora
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