A iniciar uma nova Rubrica, que pretendo continuar no blogue, À Conversa com…, hoje com Marco Barrancos, autor do Livro “Os Dias do Fim”, um romance publicado pela Editora Alfarroba.
Quem é o Marco?
O Marco é um pai que reside em Setúbal, na casa dos quarenta anos de idade. Um idealista, utópico.
Como se descreve numa palavra?
Reservado
Se tivesse a oportunidade de voltar atrás no tempo, e dar um conselho a si próprio quando era mais novo, qual seria?
Se fosse possível tal coisa, aconselharia que seguisse os meus verdadeiros ideais e não perdesse tempo com coisas que não merecem a pena. Um maior foco e objectividade, julgo que em resumo era isso. Acho que perdi muito do meu precioso tempo. Quando damos conta disso já é demasiado tarde.
Como surgiu o seu gosto pela escrita?
O meu gosto pela escrita surgiu muito cedo. Não quero exagerar mas foi até um pouco precoce. Muito antes do ensino secundário já eu procurava escrever “coisas” sem compreender essa necessidade e sem ter as bases necessárias para o fazer. Escrevia pequenos poemas, enredos de circunstância. De certa maneira procurava já as respostas para as muitas perguntas que me perseguiam e ainda perseguem. As particularidades quotidianas sempre me induziram a uma permanente reflexão. É isso que gosto na escrita.
Quem o inspira na escrita?
Para além daquilo que já referi, não tenho a inspiração focado numa única pessoa apenas. No fundo as minhas grandes inspirações são os escritores que leio. A escrita que adoptamos é uma amálgama proveniente dessas leituras que fazemos ao longo da vida. Temos inevitavelmente um bocadinho de todos eles.
O que levou a publicar um livro?
A publicação é apenas uma consequência lógica do processo criativo. Não acredito que se guarde indefinidamente na “gaveta” um manuscrito. Mais tarde ou mais cedo ele terá que se materializar ou de alguma forma tornar-se visível. Acho que é uma imperatividade natural. Mostrar aos outros aquilo que fazemos e o prazer que colocamos nessa mesma tarefa.
Agora, depois de lançar o livro mudava alguma coisa nele?
Se fosse possível sim. Nunca dou um livro por acabado, pois nunca me parece suficientemente perfeito.
O que leva uma pessoa a chegar aos seus dias do fim?
Não querendo contribuir para algum género de alarmismo ou pessimismo, acho que caminhamos todos para os nossos dias do fim. Falo como é óbvio destes novos tempos. Julgo que vivemos um período particularmente perigoso em que as pessoas deixaram de ser o foco prioritário daqueles que tem em suas mãos os seus destinos. Daqueles que nos governam. Ou então é apenas a história a repetir-se, como já em tantas outras ocasiões ocorreu no passado. O mundo vive ciclos e apesar dos muitos avanços tecnológicos o ser humano persiste preso aos mesmos dogmas, aos mesmos males e receios que sempre o atormentaram. A ganância do homem é a génese de todos os males da humanidade.
Se tivesse de escolher apenas uma palavra para descrever o livro, qual seria?
Desalento. Foi aliás o titulo provisório antes de passar a Dias do Fim. No fundo é o que pretendo transmitir. O desalento destes novos dias, a resignação a que as pessoas se entregam na actualidade.
Já tem ideias para novos livros?
As ideias para livros são uma constante na minha cabeça. Todos os dias constato situações que poderiam originar livros. Algumas passam para o papel. Digamos que é uma primeira triagem que faço. Depois a história vai ganhando forma, adquirindo um corpo próprio uma vida própria. Na maior parte dos casos, diria 90%, fica pelo caminho, inacabado. Sobram os 10% que se materializam. Não sou metódico ou disciplinado na escrita como gostaria de ser. Ando numa constante deriva e não tenho o controle como deveria e para quem pretende escrever.
O que gostava de dizer a quem nos está a ler?
Gostava que lessem os Dias do Fim e que de alguma forma isso contribuísse para um momento de reflexão. Julgo que cada vez mais nos dias de hoje as pessoas deixaram de refletir. Vivemos um imediatismo desenfreado.
Espero que tenham gostado da entrevista!
Podem comprar o livro no site da editora aqui. E seguir o autor no facebook.
A avaliar pela entrevista o livro deve ser bom. Parabéns pelas suas ideias, ponto de vista e por dar a conhecer poetas e escritores diariamente. Brevemente adquirirei o seu livro. Parabéns!