Ao mergulhar em “A Devastação” de Helena Magalhães, encontrei uma narrativa que, apesar de não atingir o patamar de outros livros da Helena, oferece uma experiência literária interessante.

A história, centrada nas experiências de Mar no internato católico do Romeirão, a forma como isso a moldou e definiu a sua vida, proporcionou-me uma visão intrigante sobre o que acontece nos orfanatos. Gostei particularmente de como a autora explorou as dinâmicas entre as personagens, destacando a irmandade entre Mar, Anita, Amália e Eduardo.

No entanto, a narrativa, em alguns momentos, revelou-se maçuda. Os parágrafos extensos e a ausência de identificação clara dos diálogos dificultaram a leitura e a concentração. Esta escolha estilística pode ter influenciado a experiência global, tornando a história mais desafiadora do que envolvente.

Apesar destes desafios, foi um prazer reencontrar as personagens de “Raparigas Como Nós”. A revisita a essas histórias anteriores trouxe uma camada adicional à narrativa e permitiu-me reviver o universo já conhecido. Permitiu conhecer a pessoa por detrás da personagem da Marisa das Argolas. Mostra que as pessoas são muito mais do que aquilo que se vê na primeira camada, a Marisa é fruto daquilo que viveu na infância.

Em suma, “A Devastação” é uma leitura que proporciona uma visão impactante sobre as vivências em orfanatos, mas que, por vezes, pode perder-se em pormenores excessivos. As escolhas estilísticas podem não ser do agrado de todos, mas a história, a mensagem que passa e a possibilidade de revisitar personagens familiares acrescentam valor à experiência de leitura.

Classificação

Rating: 3.5 out of 5.

Sobre o Livro

A Devastação da Helena Magalhães
ISBN:
9789897844249
Edição: 06-2023
Editor: Suma de Letras
Páginas: 343
Género: Romance
Goodreads: 4,41✯(aqui)
Compre:
Wook
Bertrand

Sinopse

No final do verão de 1990, Mar, com apenas seis anos, é enviada para o Romeirão, um internato Católico no Alentejo onde fica até aos 15 anos. Cresce no meio de regras e privações, castigos e fome, mas rodeada e protegida pela irmandade das outras raparigas, principalmente Anita e Amália, mas também de Eduardo, um dos rapazes da vila, com quem vai criar uma relação inesperada e viver as primeiras descobertas de amor.

Anos depois, ainda a lidar com o trauma do passado, com as drogas, a depressão e a solidão, é ao lado de Isabel, Alice e Luísa que aprende a viver uma nova vida sóbria e em paz.

Quando reencontra Eduardo, nenhum consegue resistir à ligação magnética, mas com ele voltam feridas antigas que a assombram desde a noite em fugiu do Romeirão

A pequena Mar que se transformou na Marisa das Argolas, a “vilã” de Raparigas como nós, regressa nesta ousada crítica ao patriarcado português.

Escrita com sagacidade e emoção, A devastação explora o poder das amizades femininas e captura as complexidades humanas e familiares, a eletricidade do primeiro amor e os segredos que nos enjaulam em locais amaldiçoados dentro de nós

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