LilianaEm Memória de Uma Cor, Rosie Price apresenta-nos a história de Kate Quaile e Max Rippon, dois jovens que se conhecem na universidade e rapidamente formam uma amizade inseparável. Enquanto Kate é uma jovem reservada, com origens mais modestas, Max é herdeiro de uma família rica, os Rippon, conhecidos pelo seu estilo de vida opulento e círculos de influência. A diferença social entre eles é evidente, mas não impede Kate de se aproximar cada vez mais do mundo dos Rippon, onde é recebida de braços abertos.
A atração pelo modo de vida deles – marcado por luxo e complexas dinâmicas familiares – acaba por cativá-la, enquanto segredos começam a emergir. Contudo, um evento chocante e profundamente traumático ocorre na casa da família Rippon, numa noite em que Kate vê sua vida partir-se em pedaços, num quarto isolado da festa que acontece no andar de baixo.
A narrativa de Price é corajosa ao lidar com temas sensíveis, como consentimento, trauma e os efeitos duradouros do abuso, abordando o poder e o privilégio numa sociedade que muitas vezes ignora as vozes das vítimas. A história dá especial atenção ao impacto psicológico e físico do trauma na vida de Kate, explorando o custo de se manter em silêncio e a força necessária para enfrentar e contar a própria história.
A autora examina também a forma como memórias dolorosas podem condicionar a vida de alguém, sendo as marcas do passado um fardo difícil de carregar. Kate é uma personagem que sofre de forma silenciosa, e é precisamente essa contenção que acaba por sublinhar a sua jornada pessoal, especialmente quando finalmente decide falar e enfrentar o que aconteceu.
Para mim, esta leitura foi uma experiência mista. Após receber um spoiler logo no início, deixei o livro de lado por bastante tempo e apenas recentemente voltei a ele para terminá-lo. Embora a escrita de Price seja simples e direta, o enredo não conseguiu prender-me como eu esperava. As personagens, apesar do seu potencial, não conseguiram transmitir a emoção e a profundidade que o tema exige, e a leitura deixou-me com uma sensação de distância em relação à história. Senti que a narrativa circulava um pouco sem um sentido definido, e que faltou um maior desenvolvimento emocional para criar empatia com Kate e os outros personagens.
Ainda assim, Memória de Uma Cor pode ser interessante para quem gosta de explorar questões de saúde mental e os desafios internos de lidar com traumas do passado, especialmente numa trama que se desenrola de forma sutil. A abordagem cuidadosa de Price em relação ao impacto do abuso psicológico e emocional é válida, mas, para mim, o livro acabou por ser uma leitura mediana, que talvez não permaneça na minha memória a longo prazo.
Classificação
Leitura com o Apoio
Memória de Uma Cor da Rosie Price
Título Original: What Red Was
ISBN: 9789720033925
Edição: 10-2020
Editor: Porto Editora
Páginas: 304
Género: Romance
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Bertrand
Goodreads: 3,63✰ (aqui)
Sinopse
Primeira semana de universidade. Max Rippon irrompe pelo quarto de Kate Quaile e a vida dela nunca mais será a mesma. Nos quatro anos seguintes, os dois tornam-se amigos inseparáveis. A influência da rapariga é essencial para atenuar os modos estouvados e a atitude demasiado despreocupada dele, e Max ajuda Kate a vencer a sua timidez natural e o isolamento a que ela voluntariamente se submete. Porém, conhecê-lo é também entrar na esfera de influência dos Rippon, uma família onde a generosidade e o elitismo, o à-vontade social e os ressentimentos privados andam de mãos dadas. A existência de Kate ganha um brilho dourado até ao dia em que uma festa de aniversário se transforma num acontecimento chocante, destruindo-a.
Memória de uma cor é um romance perspicaz e fascinante sobre poder, privilégio e consentimento, que explora os efeitos físicos e psicológicos do trauma, os sacrifícios exigidos no silêncio e a coragem necessária para falar abertamente sobre uma violação. No entanto, quando Kate finalmente consegue fazê-lo, há uma pergunta que se impõe: a quem pertence agora a sua história?
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