É com Júlia Pinheiro que terminamos o ciclo de entrevistas aos autores de “Sangue”, a antologia de contos publicada em setembro de 2022 pela Trebaruna. Júlia é Biomédica, mas desde pequena que sempre gostou de ler o que a levou a escrever. Está sempre de olho em concursos e antologias para poder publicar os seus textos e por isso tem muitos na gaveta à espera da oportunidade certa. Convido-vos a conhecer melhor a autora!

Olá Júlia, desde já muito obrigada por me ceder esta entrevista.

Obrigada eu, pelo interesse. 🙂

É formada em Engenharia Biomédica, algo mais ligado aos números. Como surgiu o seu gosto pela escrita?

Por muito que seja cliché, sempre fui uma criança que gostava de ler imenso, e naturalmente a imaginação levou-me desde cedo a tentar escrever as minhas pequenas histórias, e ainda não me fartei.

Como diz uma amiga minha, eu gosto de muitas coisas. Sempre tive mais interesse pelas ciências exatas e pelos números, na vertente académica, mas sempre de livro na mão. E sinceramente, acho que no fim do dia não são assim tão diferentes como poderiam parecer à partida.

Como surgiu a oportunidade para participar na antologia de contos Sangue?

Ando sempre atenta a antologias e concursos onde possa publicar algum texto. Este tinha uma premissa muito dentro do que costumo escrever e decidi arriscar a minha sorte.

E de onde surgiu a ideia para o conto Só Eu?

Muitos dos textos que escrevo vêm de um cenário específico que me vem à cabeça, e de um sentimento associado a ele. Também foi muito assim com este Só Eu. Vem de uma imagem e de emoções mais negras e pesadas mas que tentei lidar da forma mais tranquila que consegui.

Qual o maior desafio na escrita de um conto?

Escrever mais do que duzentas palavras? Tenho tendência a ser muito sucinta e descrever mais a tal imagem e sentimentos do que desenvolver muito à volta, o que é uma coisa que quero e tenho ainda de trabalhar bastante.

Claro que ter ideias e perceber o que podemos fazer com elas não é a coisa mais fácil mas sair à rua, ler, fazer ativamente algo que nos ponha em contacto com novidades ajuda a chocalhar a imaginação e costuma sair qualquer coisa.

Em cima disso tudo, sinto muito as alturas de escrever. Infelizmente não consigo simplesmente sentar-me e escrever. Num texto criativo não me consigo por no registo sempre que quero, o que é frustrante e por vezes complicado se houver prazos a cumprir.

Já publicou algum livro? Mesmo que com outro nome?

Não, ainda não. Espero ter a capacidade e oportunidade de o fazer algum dia.

Se tivesse a oportunidade de jantar com um autor, vivo ou não, qual escolheria? E que pergunta não deixaria de lhe fazer?

Provavelmente apostava na Mary Roach. É alguém que admiro há muitos anos, que tem uma capacidade incrível de desmistificar e de simplificar assuntos complexos e com os quais muita gente não quer ter grande contacto. Além disso tem de certeza um manancial inesgotável de histórias e parece ser verdadeiramente uma pessoa simpática e afável. Seria um jantar muito agradável.

Acha que o autor escreve para si ou para quem o lê? Ou seja, qual é o seu objetivo quando está a escrever?

Para os dois. Acredito que em primeira instância escrevemos para nós, o que gostávamos de ler, ou o que queremos expiar de alguma forma. Mas se temos vontade de publicar e partilhar com outros também há esse nível de ligação, empatia talvez, que procuramos no outro. No meu caso, escrever é um exercício muito pessoal, é qualquer coisa minha que partilho para o papel – ou para o ecrã. Saber que dessa partilha de um pedacinho de mim há gente a gastar do seu tempo para ler, e – com alguma sorte – gostar e ligar-se ao texto é uma sensação muito especial.

Qual o livro da sua vida?

Não consigo responder a esta. Os livros fazem parte da minha vida há muitos anos, e muitos têm sido cruciais em diferentes momentos dela. Há livros incríveis que me fizeram rir, chorar, pensar, mudar de ideias, viajar, sei lá… E seria sempre injusto escolher de géneros tão diferentes que nem conseguiria compará-los.

Do género “quem leu o livro x gostará da Antologia Sangue”, que livros escolhia?

Livros específicos é-me difícil de encontrar, mas acho que qualquer pessoa que goste de contos com histórias vincadas e emoções fortes vai gostar deste livro. Os contos são muito interessantes, muitos não pendem completamente para o terror – para quem possa ter mais reticências com o género, e tem a vantagem de ter vários autores, muito diferentes entre eles, o que permite que qualquer leitor encontre pelo menos uma voz para si.

Por fim, o que nos pode contar sobre os seus projetos futuros?

A gaveta está cheia deles mas por agora não há nada definido.

Onde pode conhecer mais sobre a autora

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