Marta Nazaré estreou-se na publicação com um conto na antologia de contos de terror Sangue Novo em 2021. Regressa em 2022 novamente com um conto de terror na também antologia de contos Sangue. Tem vários livros de terror para crianças e jovens na gaveta à espera de um dia serem lidos.

Olá Marta, desde já muito obrigada por me ceder esta entrevista.
Como surgiu o seu gosto pela escrita?

Olá, Liliana. Desde já agradeço o interesse em entrevistar-me.

Sempre fui uma leitora ávida do género do terror, principalmente do terror infantojuvenil, mas nunca me imaginei a escrever além do meu diário. Achava que não tinha grande jeito e que não estava à altura dos autores que lia para avançar para algo mais sério.

Tudo começou quando um dia fui desafiada pelo meu formador (e também autor) Pedro Lucas Martins a escrever o meu primeiro conto de terror, que veio depois a figurar na antologia Sangue Novo.

Participou da antologia de contos Sangue Novo em 2021. Como surgiu o convite e qual o seu primeiro pensamento quando o recebeu?

O convite do Pedro Lucas Martins surgiu no seguimento da oficina Escrever Terror I (da Escrever Escrever), na qual me inscrevi apenas para aprender mais sobre o terror, nunca com o intuito de me tornar uma escritora.

Como já tive oportunidade de dizer em algumas ocasiões, ele viu em mim uma escritora primeiro do que eu. Quando me convidou para escrever um conto para a antologia que estava a compilar, o meu primeiro pensamento foi «como é que vou fazer isto?». Não tinha nenhum conto escrito, mas não queria perder esta oportunidade.

Depois do choque inicial, pus mãos à obra. Com a ajuda e apoio do Pedro Lucas Martins e dos meus colegas da oficina, o conto «O Devorador de Sonhos» viu a luz do dia.

É novamente convidada para a nova antologia, escrevendo um conto intitulado de Gabriela. Como surgiu a ideia para este conto?

Além do terror, também gosto muito de policiais. Por isso, quando vi que o tema desta nova antologia era «sangue», pensei logo em escrever sobre um crime. A história foi avançando como qualquer outro policial, mas não queria que fosse um caso de polícia comum, queria dar-lhe um final inesperado. No fim de contas, e sem querer revelar muito, acabei por lhe dar um final que gostaria de ver nos documentários policiais.

O que a atrai na escrita de um conto?

Gosto especialmente de escrever contos por serem breves. Neste tipo de narrativa, podemos dar menos importância à descrição (de lugares e/ou de personagens) e mais à história em si, principalmente ao fim. É isso que me atrai.

Já publicou algum livro, para além dos contos em ambas as antologias? Mesmo que com outro nome?

Até agora, só publiquei contos. Neste momento, tenho alguns livros infantis escritos (no género do terror), mas ainda não saíram da gaveta.

Colabora no projeto Fábrica do Terror. Para quem não conhece em que consiste o mesmo?

A Fábrica do Terror é uma plataforma de informação e de divulgação de artistas portugueses dentro do género do terror em Portugal, sejam eles escritores, ilustradores, cineastas, etc. Acaba por ser uma comunidade que reúne todos os que se interessam por terror português.

Se tivesse a oportunidade de jantar com um autor, vivo ou não, qual escolheria? E que pergunta não deixaria de lhe fazer?

Sempre tive uma grande admiração pelo autor R. L. Stine, por sido através dos livros dele que comecei a gostar de terror. Ainda hoje o terror infantojuvenil é o género literário de que mais gosto. E se tivesse um dia de jantar com o autor R. L. Stine, além de lhe agradecer por ter despertado em mim o interesse pelo terror para crianças, gostava de saber mais sobre o seu processo de escrita. Calculo que não deva ser fácil escrever tantos livros sem ser repetitivo ou previsível.

Acha que o autor escreve para si ou para quem o lê? Ou seja, qual é o seu objetivo quando está a escrever?

Não costumo escrever a pensar no público-alvo. Acredito que temos de escrever para nós, sem limitações que estreitem o nosso pensamento, pois só assim conseguimos transmitir a mensagem. Embora, quando escrevemos para um público infantil, tenhamos de ter certos aspetos em consideração (como o vocabulário utilizado e a complexidade das ideias, por exemplo), mas não devemos deixar que isso nos limite.

Do género “quem leu o livro x gostará da Antologia Sangue”, que livros escolhia?

Sou suspeita, mas vou dizer que, quem gosta de antologias como o Sangue, vai gostar de ler também o Sangue Novo e a Rua Bruxedo, da Imaginauta. Nestas duas antologias também estão alguns autores da antologia Sangue.

Por fim, o que nos pode contar sobre os seus projetos futuros?

Pretendo continuar a participar em antologias e a colaborar com a Fábrica do Terror. Como neste momento estou dedicada ao terror infantojuvenil, gostava de um dia ver publicados os meus livros de terror para crianças.

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