A conversa literária de hoje é com uma autora Lisboeta, que conta com cinco livros editados, sendo um deles destinado ao público mais jovem, e os restantes vencedores e finalistas de diversos prémios literários nacionais. Licenciada em Direito, e também jornalista, hoje falo-vos de Ana Margarida de Carvalho. 

Olá Ana Margarida, agradeço-lhe a oportunidade de conversar consigo. 
Qual foi a sua última leitura? 

O Quarto Enorme, de E. E. Cummings

Foi em 2013, vencedora do Grande Prémio de Romance e Novela APE, com o seu romance “Que Importa a Fúria do Mar”. Qual é o sentimento ao ver o seu trabalho reconhecido desta forma? 

Foi muito bom para mim e para os meus livros. Também os livros seguintes Não se Pode Morar nos Olhos de um Gato e Pequenos Delírios Domésticos, conquistaram o prémio APE, da romance e de conto, respetivamente. A importância dos prémios é-lhes conferida pelos autores e obras que antes premiaram e muitos dos escritores e livros que tanto admiro já ganharam esta distinção. 

Esse reconhecimento cria uma pressão extra para que as próximas obras sejam tão boas, como esta?

Não sinto esse tipo de pressão. A minha inquietação é esgotar-me nesta precária existência de, sendo desempregada e sem apoios, conseguir continuar a escrever.

E mesmo quanto ao papel da crítica no seu trabalho, sente-se muito influenciada, ou por outro lado dá maior relevância à opinião do leitor? 

Dou importância a ambos. E muita relevância às observações que fazem sobre o meu trabalho.

No seu último livro “O Gesto que Fazemos para Proteger a Cabeça” editado no final do ano de 2019, remontamos ao Alentejo dos anos 30. Qual foi o mote para esta obra? 

É um livro sobre a guerra, embora não se dispare um único tiro. Mas todos os efeitos colaterais de uma guerra estão lá: os campos de refugiados, as colunas de inocentes em fuga, as violações, as traições, os parasitas da guerra, os absurdos da guerra. Os amores em tempo de guerra, também…

Os seus últimos romances são considerados históricos, pela época em que se situam. Alguma razão em especial para escrever sobre o passado? 

Nenhum deles é considerado romance histórico. São todos romances sobre o presente, ainda que a ação se desenrole em tempos distantes. Sempre escrevemos sobre uma coisa para falar de outra.  

Sobre qual época da história mais aprecia escrever? 

Sobre esta em que vivemos hoje.

Escreve também livros infantis, como foi a experiência de escrever para crianças? 

Apenas escrevi um livro infantil A Arca do É, uma versão vegetariana da Arca do Noé. E gostei muito. Não só da parceria com o ilustrador mas também pelo facto de as crianças terem uma imaginação tão elástica e estimulante para um autor.

É formada em Direito e também jornalista, e em 2017 lançou um livro de não-ficção que parece juntar todos estes mundos, intitulado “Julgamentos que Mudaram a História”, em que aborda as condenações trágicas de monarcas, filósofos, revolucionários, criminosos e heróis. Como foi criar esta obra? 

Foi mais um trabalho de recolha, concisão e ordenação.

Faz tenções de voltar a escrever um livro de não ficção no futuro? 

Talvez.

Qual o conselho que dá a quem está a começar no mundo da escrita? 

Não perder a curiosidade, ler e descobrir, saber deslumbrar-se com as coisas vulgares.

Qual considera ser a característica para vingar no setor literário em Portugal? 

Não sei e prefiro nem pensar nisso. 

Que autores são para si uma inspiração?

Portugueses: José Saramago, António Lobo Antunes, José Cardoso Pires, Maria Velho da Ciosta, entre muitos outros…

Porquê?

Pela forma assombrosa como esculpem e reinventam a língua portuguesa; pelo prodigiosa capacidade de atenção e de imaginação.

Tem projetos para um futuro próximo? 

Começar a trabalhar no meu quarto romance.

Onde pode conhecer mais sobre a autora

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Wikipédia

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