A conversa de hoje é com uma recente autora portuguesa. Médica de profissão, lançou no verão do ano passado o seu primeiro livro A Terceira Índia ela Cultura Editora e no inicio de 2021 a continuação da história com A Nova Índia, que li no passado mês de Março. Como já devem ter percebido hoje a conversa é com a Iris Bravo.

Desde já obrigada Iris por esta oportunidade de conversarmos.
A Iris é médica, está profissionalmente ligada às ciências, como começou o seu amor pela escrita?

Foi um impulso do momento e relacionado com a minha profissão, porque quis criar uma história em que a heroína tivesse infertilidade e mostrasse a coragem destas mulheres.

Era um objetivo conseguir publicar um dos seus trabalhos, ou nunca pensou em ser escritora?

Nunca pensei em ser escritora até ao dia em que comecei a escrever a história da Sofia (era assim que a pensava na minha cabeça), mas pouco depois de começar decidi que queria publicar.

A Terceira Índia, o seu primeiro livro, tem sido um sucesso nas redes sociais, e com mérito. Como surgiu a ideia para este livro?

A ideia era que a história começasse onde a minha Medicina falha, algo que me frustra muito, e a Sofia foi inspirada em muitas das minhas pacientes.

Até que ponto se inspirou em pessoas reais para criar as personagens?

Inspirei-me em muitos traços de pessoas reais para criar as personagens, mas nenhuma personagem corresponde a alguém que exista.

Sem entrar muito em detalhes, para não estragar a leitura a quem ainda não teve a oportunidade de ler. Qual é a probabilidade, como base na sua experiência profissional, do final da Sofia acontecer na realidade?

Trabalho num centro de Procriação Medicamente Assistida desde 2010 e consigo lembrar-me de pelo menos quatro pacientes a quem aconteceu. Não é frequente, mas é possível.

A Nova Índia, a continuação do primeiro livro, era, na verdade, apenas um livro. Como reagiu à divisão? Fez sentido, deixar os leitores quase meio ano à espera, ou gostava de ter entregue logo tudo de uma só vez.

Na altura pensei que ninguém publicaria um livro tão grande de uma autora desconhecida (depois dos cortes os dois livros juntos são 760 páginas), foi por isso que só enviei as duas primeiras partes para as editoras e fez-me sentido dividir naquele ponto, onde uma parte da história acabava mas ficava em aberto.

Ao longo do primeiro livro os leitores foram-se dividindo entre team Alex e team Ricardo. O final estava definido desde início, ou foi espontâneo?

O final não estava definido desde que comecei a escrever, foi acontecendo quase como se fossem as personagens a decidir e não eu, mas quando enviei as duas primeiras partes já estava escrito.

O tema da infertilidade não é muito abordado nos livros, pelo menos a nível nacional, considera que é importante ser mais falado na literatura?

Considero muito importante falar no assunto. Trazer a atenção do público para o sofrimento e os dilemas dos casais com infertilidade foi um dos principais motivos que me levou a escrever. O tema é muito pouco abordado relativamente à sua importância. A Terceira Índia foi o primeiro romance português em que a protagonista tem infertilidade, apesar de um problema comum, que afecta 14% dos casais.

Qual é o feedback das suas pacientes em relação à história? Sentem-se representadas pela Sofia?

O feedback é muito gratificante, porque não só se identificam com a protagonista como ficam felizes por se falar no assunto, para que as outras pessoas percebam o que elas sentem por não conseguirem ter filhos.

E do público em geral, como tem sido o feedback nas redes sociais? Ninguém chateado com o final?

Não soube de ninguém que tivesse ficado zangado, penso que as pessoas aceitaram as decisões da Sofia.

Como foi todo o processo de processo de publicação, sendo que já é complicado por natureza, mas a pandemia agravou?

Enviei o manuscrito para várias editoras até que a  Cultura aceitou publicar ainda antes da pandemia. Depois, quando ficámos em lockdown conversávamos por videochamada e email, mas correu tudo bem.   

Se juntarmos os dois livros, apesar de se lerem rápido, são muito longos. Quanto tempo demorou a escrever esta história?

Um ano e meio.

Do género “quem leu o livro x gostará do meu”, que livros escolhia?

Escolhia o Raparigas como Nós da Helena Magalhães.

Qual, dos livros que leu no último ano, é o seu preferido?

O Raparigas como Nós e o Isto Vai Doer da Adam Kay. 

Que autores/as são para si uma inspiração?

O Tolkien, porque sou completamente fascinada por todos os mundos que ele criou, e dos vivos, a Stephanie Meyer.

Por fim, O que nos podes contar sobre os teus projetos futuros?

Estou a escrever uma história nova com personagens um pouco “fora da caixa” em que a protagonista é muito diferente da Sofia, mas também vai ter romance e mistério.

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