Hoje a conversa é com mais um autor da Antologia de contos de terror Sangue. Editou em 2021, a também antologia de contos de terror, Sangue Novo. Ganhou prémios literários e em 2022 entra novamente numa antologia de contos de terror, mas como um dos autores. Convido-vos a conhecer melhor o Pedro Lucas Martins.

Desde já agradeço a sua disponibilidade para conversar comigo, Pedro.
Como entrou a escrita sua vida?

Eu é que agradeço.

A escrita começa a surgir mais frequentemente nos meus tempos de faculdade, mas é algo muito pessoal, nada para partilhar. Isso muda quando decido enviar um conto para o primeiro concurso literário do MOTELX. A partir daí, com o prémio e a primeira publicação, começa a tornar-se uma parte maior da minha vida.

Editou a antologia de contos Sangue Novo em 2021. Qual o maior desafio que teve nesta tarefa?

O maior desafio foi ter de colocar todos os meus outros projetos em pausa, para levar este a bom porto. Foi um ano dedicado a este livro, em que tive de fazer todo o trabalho de organização, edição, revisão e ilustração. Felizmente, tive a felicidade de trabalhar com o Ricardo Alfaia, que tratou da paginação e do design gráfico, e com muito bons autores. Era também algo que eu queria muito fazer — dar uma maior voz a todos eles. Não me arrependo de nada. 

Participa na antologia de contos de terror, em 2022, Sangue. Qual a maior dificuldade quando se escreve um conto?

A maior dificuldade em qualquer conto, penso eu, está na síntese da história — isto presumindo que já temos a ideia e a forma como a queremos explorar. Essa capacidade de resumo é importante. Não estender a narrativa ou certas partes mais do que é necessário. Saber quando nos estamos a alongar e quando parar.

Depois, naturalmente, há o contrário. Não podemos sintetizar tanto que não haja espaço para envolver o leitor. É difícil, por vezes, encontrar esse ponto de equilíbrio. A certa altura, acho que se torna uma coisa instintiva.

Onde se inspirou para a criação do conto Uma Noite de Chuva?

Por mais que quisesse evitar a temática da pandemia, a partir do momento em que a ideia se enraizou, não tive escolha a não ser escrevê-la. No entanto, como já ninguém, incluindo eu, tinha paciência para o tema, tentei afastar-me dos lugares-comuns e criar uma abordagem diferente. O conto estabelece alguns paralelismos entre a nossa realidade pandémica e um mundo ficcional de uma pandemia vampírica, num contexto mais «realista». A ideia do vampirismo já foi motivada pelo título da antologia.

Venceu vários prémios literários. De que modo acha que isso contribuiu para o seu sucesso enquanto escritor?

É difícil, para mim, ver as coisas em termos de sucesso. Gosto simplesmente de escrever e fico contente por saber que o que escrevo tem reconhecimento. Os prémios dão essa validação, são incentivos a continuar, especialmente os primeiros. Na minha opinião, devemos escrever apenas porque temos uma história para contar — e ninguém a vai contar se não formos nós. Não da mesma forma, pelo menos. Mas claro que é um momento muito gratificante se, no processo, alguém nos achar merecedores de um prémio, que acaba também por trazer visibilidade ao nosso trabalho.

O que o cativa em escrever no género de terror?

O facto de não haver limites, por estarmos no campo do fantástico. E o facto de podermos confrontar ou lidar com as coisas más, tristes e assustadoras das mais variadas formas, por estarmos neste tipo particular do fantástico.

Gosto desta componente mais negra, mas gosto dela por saber que ela serve um propósito. Porque a vida abarca um enorme espectro de emoções. Qualquer história, tipicamente, serve para passar uma mensagem. Mas há mensagens que só se passam eficazmente através deste género. É para isso que ele existe.

Qual é o livro que considera ser o livro da sua vida?

É uma pergunta impossível de responder. Tenho muitos «livros da minha vida». Em vez de um a ocupar uma grande parcela, tenho essa parte da minha vida dividida por vários momentos de ocupação literária. Posso dizer que, no terror, comecei por ler várias coletâneas do Poe, o que foi, sem dúvida, uma grande influência e um momento transformador.

O resto divide-se por livros do Stephen King, do Clive Barker, do H.P. Lovecraft e outros tantos. Todos eles iniciaram ou acrescentaram algo. Todos fizeram a sua parte.

Olhando para o panorama literário nacional qual é o/a autor/a que é para si uma referência? E porquê?

No panorama literário português atual, se falarmos do género que mais leio e escrevo, tenho de referir sempre os trabalhos do David Soares e do João Barreiros. Embora a escrita seja diferente, e os temas abordados também, ambos têm em abundância aquilo que mais aprecio numa história: a imaginação.

Do género “quem leu o livro x gostará da Antologia Sangue”, que livros escolhia?

Não posso responder bem a esta pergunta, porque ainda não li a antologia Sangue. Neste momento, ainda não foi apresentada, nem tenho uma cópia. Sei que não são apenas contos de terror ou mais viscerais, mas vários dos autores da antologia participaram na antologia Sangue Novo. É esta a única associação que posso fazer. Se gostaram destes autores, provavelmente gostarão de os ler de novo na antologia Sangue.

Por fim, o que nos pode contar sobre os seus projetos futuros?

Há várias coisas em andamento. Tenho um romance terminado, em fase de «apuração». Estou também a selecionar alguns contos para fazer uma coletânea em nome próprio e a trabalhar noutros textos avulso. Ainda assim, por agora, estou dedicado a incentivar talentos emergentes, através do curso Escrever Terror, na Escrever Escrever, e a descobrir e divulgar criadores dentro do género, através da Fábrica do Terror. O futuro, portanto, prevê-se bastante preenchido. E ainda bem.

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