Nem em agosto as entrevistas vão de férias, esta quinzena é com o Ricardo Tomaz Alves que vou estar à conversa. Com vários trabalhos publicados, e com uma basta experiência como autor independente, convido-vos a conhecerem melhor o autor, as suas obras e como tem sido a jornada da publicação.

Olá Ricardo, desde já obrigada por ter aceite conversar comigo.
Como surgiu a escrita na sua vida?

Obrigado pelo convite, Liliana. E parabéns pelo trabalho que tens vindo a desenvolver na tua página.
A escrita surgiu entre o 5º e o 6º ano do ensino secundário, quando os meus colegas de turma pediam para ouvir os meus textos, que eram trabalho de casa das aulas de Língua Portuguesa. Como percebi que gostavam do que escrevia comecei a querer escrever cada vez mais e a desenvolver a minha arte.

O primeiro livro que escreveu foi Rio Equilibrium. Como surgiu a ideia para a história?

Basicamente quis pegar em todas as coisas das quais gostava e que me inspiravam, como anime, mitologia, videojogos e cultura nipónica e criar uma história original, que lhes prestasse tributo. O que foi inicialmente pensado para ser uma duologia acabou por se tornar num trabalho desenvolvido ao longo de 15 anos e numa edição única com 515 páginas.

Um dos seus livros com mais sucesso foi O Desempregado. Como surgiu a história do Vicente na sua cabeça?

A história surgiu do facto de eu já ter passado pela mesma condição em que o Vicente se encontra, de desempregado. Aliás, muitas entrevistas a que ele vai são inspiradas em entrevistas a que eu fui.

E em quem se inspirou para criar esta personagem?

O Vicente é inspirado no jovem comum que tem que passar por esta luta e por este tipo de dificuldades. Quis que fosse o mais genérico possível, com os pensamentos e atitudes habituais de um jovem inexperiente que procura o seu lugar na sociedade, ainda a desenvolver a sua personalidade.

Além destes tem mais 4 livros publicados, todos em edições mais recentes no tempo. Eram projetos que já tinha escrito no passado, ou foi algo que escreveu recentemente?

Na verdade, O Desempregado e Onde as cores têm sabor são os meus trabalhos mais recentes. Os outros 4 já haviam sido publicados por editoras. O que estou a fazer agora é republicar esses trabalhos de forma independente pela Amazon, tratando de todo o processo de revisão, edição e composição gráfica.

Quanto tempo demorou em média a escrever os seus livros?

Não consigo precisar. São todos muitos diferentes e com um número de páginas também distinto. Para dar uma ideia o Onde as cores têm sabor foi escrito em 22 dias e o Rio Equilibrium em 15 anos. Depende de muita coisa, como a motivação, inspiração e tempo.

Sei que é uma pergunta difícil, mas qual é a sua obra favorita e qual foi a mais excitante de escrever? E porquê?

Favorito não consigo mesmo dizer. É quase como perguntar qual o filho preferido. Não dá para escolher. E sendo todas tão diferentes, mais difícil se torna eleger apenas um. O mais excitante foi provavelmente O Desempregado, porque tendo muita aventura o processo criativo e de improvisação fluiu lindamente e só queria escrever mais e mais.

Se pudesse passar um dia na vida de uma das suas personagens, qual escolhia e porquê?

Excelente questão. Fez-me ir olhar para os meus livros e pensar qual seria. Acabei por escolher Rio Equilibrium. É um personagem bastante complexo e com uma responsabilidade imensa, mas seria interessante poder usufruir das suas capacidades e conhecer os personagens que convivem com ele.

Inicialmente editou pela Chiado Editora, contudo recentemente começou e criar edições de autor através da Amazon. Qual a razão da mudança?

Quis tomar as rédeas do meu trabalho, ter o controlo total sobre a minha obra para poder trabalhá-la à minha maneira e sem limites. Já o tinha, criativamente, mas passei a tê-lo também na parte gráfica e na divulgação, e estou muito satisfeito com os resultados. Sinto que estou a chegar a muito mais leitores desta maneira.

Qual a maior vantagem e desvantagem desta mudança?

A maior vantagem é sem dúvida o contacto direto com os leitores, com quem se cria uma relação muito próxima, e ter poder de decisão em todas as fases de execução do livro. Também posso corrigir imediatamente qualquer gralha ou falha que seja encontrada no texto por parte de um leitor, sendo algo que se resolve em poucos minutos.

Desvantagem diria que seja não vender a retalho. Os meus livros não estão disponíveis nas superfícies comerciais, portanto não chegam a um número tão alargado de consumidores. Para conhecerem o meu trabalho têm de ouvir falar dele e depois encomendar diretamente comigo ou através da Wook, e para isso muito tem contribuído a comunidade bookstagram, à qual não me canso de agradecer.

Quanto tempo dedica em média à promoção dos seus livros?

Eu diria que, de momento, cerca de 20 minutos diários. Sobretudo no Instagram, partilhando publicações de leitores sobre os meus livros ou com publicações minhas.

Que conselho daria a quem está a pensar fazer uma edição de autor através da Amazon?

Que se prepare, porque não é um caminho tão fácil como parece. Envolve bastante pesquisa e estudo, porque a Amazon tem algumas especificações para conteúdo e capa de livro que envolvem alguns acertos à nossa edição. Basicamente é preciso tempo, paciência e dedicação. Como em tudo na vida.

O que gostaria que lhe tivessem dito antes de publicar o seu primeiro livro?

Que não ia ser nada fácil divulgá-lo. Que requer um enorme investimento, sobretudo de tempo, e muita vontade que chegue tão longe quanto possível. E para nunca desistir.

Tem neste momento 2 livros traduzidos para Inglês. Era algo que tinha previsto? Como está a ser a receção dos leitores a estas versões em inglês?

Na verdade, são três. Já traduzi também O Desempregado e encontra-se de momento em fase de revisão. Foi algo em que pensei mais recentemente, com a intenção de que o meu trabalho chegue a mais leitores, eliminando o idioma como fator de impedimento. As reações que tenho são de leitoras portuguesas que leram a versão em inglês do Onde as cores têm sabor, e não poderiam ser melhores. Agora é esperar que cheguem a leitores de outros países.

Por fim, o que nos pode contar sobre os seus projetos futuros? 

Quando me tornei autor independente os meus livros deixaram de estar disponíveis no mercado, portanto o objetivo principal passou logo de início disponibilizá-los novamente para que todos possam ter acesso. O próximo passo será o lançamento da edição definitiva de Rio Equilibrium, que se encontra em fase de revisão e tenciono publicar no final de novembro deste ano. É uma versão com imenso conteúdo original, quando comparado com a primeira edição. Depois a ideia é lançar a versão física do Livro de Contos e Pensamentos, que ainda só teve versão digital (de momento indisponível), no primeiro trimestre de 2022. Depois, logo se verá.

Onde Conhecer mais Sobre o Autor

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