A conversa de hoje é com a Vanessa Barroca dos Reis. Responsável pelo blogue bué de livros, e leitora ávida, participa com um conto na antologia de contos de terror Sangue, publicada no passado dia 3 de setembro pela Trebaruna. Convido-vos a conhecer melhor a autora!
Olá Vanessa, desde já muito obrigada por me ceder esta entrevista. Como surgiu o seu gosto pela escrita?
Olá, Liliana, obrigada pelo convite. O meu gosto pela escrita nunca existiria sem o meu amor pela leitura. Foi a riqueza das muitas horas que passei a ler, desde criança, que despoletou a vontade de querer escrever as minhas próprias histórias e de partilhar com outros leitores algo saído da minha imaginação.
Tem um blogue dedicado à literatura. Qual considera ser o papel tanto de blogues como outras plataformas ligadas à literatura na promoção de um livro?
Quando criei o bué de livros, já seguia outros blogues, nacionais e internacionais. O primeiro post que fiz foi em Julho de 2010, e continuo a criar conteúdo neste blogue, apesar da plataforma [blogger] estar bem menos em voga do que quando comecei. E faço-o com gosto, isso não mudou.
Quis criar o meu próprio espaço de divulgação e partilha porque acredito que tudo o que incentive à leitura é bem-vindo e necessário, independentemente da forma. As plataformas ligadas à literatura, entre blogues, Goodreads, IG, FB, etc. contribuem para isso e vão evoluindo de forma a chegar a mais público.
Qualquer ponto de encontro, real ou virtual, à volta do mundo dos livros tem o seu lugar, e os títulos aí divulgados podem ajudar alguém a decidir o que ler a seguir, dentro do que habitualmente procura ou algo novo. Quantos mais espaços de divulgação houver, mais diversidade haverá, e isso, a meu ver, é positivo.
Qual foi o pensamento quando submeteu o seu conto para participar na antologia de contos Sangue?
Que seria bom se fosse escolhido porque gostaria muito de partilhar esta história.
E de onde surgiu a ideia para o conto Sob a Névoa?
Surgiu de uma mistura de imagens e ideias que tinha em mente e que se consolidaram quando li um artigo em inglês sobre a “névoa da guerra” (“fog of war” no original), descrita como a incerteza sobre a capacidade do inimigo que ocorre durante um conflito armado e a dificuldade consequente em tomar decisões. Deu-se um clique enquanto o lia e quis logo começar a escrever.
Quando começou a escrever já tinha todo o enredo na sua cabeça, ou foi algo que foi construindo à medida que foi escrevendo?
Quando me sentei ao computador, fluiu rapidamente. Sabia o que queria dizer e como queria contar aquela história.
Se tivesse a oportunidade de jantar com um autor, vivo ou não, qual escolheria?
Agatha Christie.
E que pergunta não deixaria de lhe fazer?
Qual era o final que ela tinha em mente quando escreveu A morte não é o fim. Isto porque, alegadamente, este é o único livro cujo final ela mudou a pedido de um amigo.
Qual o livro da sua vida?
Tantas leituras passadas, é mais do que um, certamente. Mas pela influência e impacto que teve em mim, quando o li muito jovem: The Ceremonies, do T.E.D Klein.
Do género “quem leu o livro x gostará da Antologia Sangue”, que livros escolhia?
Diria que quem goste de ler coletâneas de contos, terá interesse em descobrir as vozes autorais portuguesas que estão nesta antologia. Quem tenha lido a primeira antologia onde fui publicada, em Novembro de 2021, Sangue Novo, encontrará na Sangue vários dos novos autores portugueses que ali se estrearam.
Por fim, o que nos pode contar sobre os seus projetos futuros?
Tenho a cabeça sempre a fervilhar de ideias e coisas que quero fazer e lugares onde quero ir. Infelizmente, o tempo não é elástico, Mas cingindo-me à literatura, quero acabar a minha coletânea de contos em nome próprio e retomar a escrita do meu (espero) primeiro romance.
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